JULIANA COISSI
MARLENE BERGAMO
ENVIADAS ESPECIAIS A SÃO LUÍS
MARLENE BERGAMO
ENVIADAS ESPECIAIS A SÃO LUÍS
"Ela gritava para que ele não jogasse combustível nas meninas, mas não adiantou", disse Jorgiana Carvalho, 25, tia de Ana Clara Santos Sousa, 6, que morreu nesta segunda-feira (6) em decorrência de queimaduras por todo o corpo.
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Juliane Santos, 22, e duas filhas foram vítimas de um ataque a ônibus na última sexta-feira (3), em São José de Ribamar (região metropolitana de São Luís). Juliane e a filha de um ano e cinco meses continuam hospitalizadas.
O governo Roseana Sarney (PMDB) diz que os ataques foram reação de criminosos ao aumento da segurança no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís.
O complexo prisional é o epicentro da crise de segurança no Estado -62 presos morreram desde o ano passado, sendo três decapitados na última rebelião, em dezembro.
No velório do corpo de Ana Clara, nesta segunda-feira, parentes e vizinhos expressavam revolta. "A minha indignação é que o Estado não nos deu apoio antes, só agora", disse a tia Jorgiana.
A menina, que gostava de se vestir de princesa e usar os batons da tia, teve 95% do corpo queimado.
Juliane permanecia internada com 40% do corpo queimado e situação estável. A filha de um ano tinha queimaduras em 20% do corpo.
ATAQUE
Na sexta à noite, Juliane voltava com as filhas para a casa de sua mãe, onde todas moravam. Ela havia ido visitar o namorado, pai da caçula.
Segundo a tia das crianças, Juliane lhe contou que cinco homens armados invadiram o ônibus. Enquanto um ordenava que todos descessem, um deles começou a jogar combustível diretamente nas pessoas, inclusive nela e nas filhas.
"Ela gritava para que ele não jogasse combustível nas meninas, mas não adiantou", disse a tia.
Em seguida, os homens atearam fogo ao veículo. Juliane deitou-se sobre a bebê para protegê-la e segurou na mão de Ana Clara.
Mas a menina desgarrou-se e tentou sair, passando pela porta da frente do ônibus, que já estava em chamas. O fogo rapidamente se espalhou pelo corpo da menina.
OUTRA PERDA
A família também enfrentou outra perda. No domingo (5), ao saber do estado de saúde de Ana Clara, o bisavô paterno, de 81 anos, sofreu um infarto e morreu.
"A Clarinha até fazia o prato de comida para ele [bisavô]", disse a avó da menina Filomena Carvalho, 49.
Segundo parentes, Ana Clara, mesmo pequena, insistia em ajudar a mãe e a avó em tarefas domésticas. Tratava a irmã caçula como bebê e uma forma de brincadeira. O enterro do corpo da criança deverá ocorrer hoje, em São José de Ribamar.
Além de Juliane e da filha de um ano, duas vítimas dos incêndios a ônibus no Estado continuavam internadas -um homem de 37 anos corria risco de morte.
Durante a onda de ataques da semana passada, um policial reformado morreu baleado, mas o governo do Maranhão descartou ligação com os atentados.
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