Sem condições de atender paciente, médico recebeu voz de prisão.
No meio da discussão, ele desabafou e disse que falta tudo no hospital.
Bombeiro: O senhor está preso por desacato!
Médico: Não tem lugar. Não poso.
Bombeiro: O senhor está preso.
Médico: Não posso, não posso que meus filhos estão em casa me esperando.
Bombeiro: O senhor está preso por desacato.
O paciente tinha caído de um viaduto de 15 metros de altura, tinha traumatismo craniano e várias fraturas pelo corpo. Na confusão, o médico desabafou:
Médico: Eu tô aqui trabalhando.
Bombeiro: Eu sou médico também. Calma, calma.
Médico: Cara, eu tô trabalhando, eu tô estressado aqui. Tá faltando tudo.
Bombeiro: Eu sei, calma, calma.
Médico: Tá falta ndo tudo. Eu quero sumir daqui.
O médico, que é cirurgião geral, entrou com um pedido de licença por 30 dias e disse que vai pedir demissão. Ele não quis gravar entrevista, mas por telefone disse que as condições do hospital são péssimas. A direção do hospital disse que o atendimento estava acima da capacidade naquele dia e que o médico se exaltou diante da impossibilidade de receber novos pacientes.
O paciente chegou a ser atendido, mas morreu três horas depois. “A gente deveria ter quatro cirurgiões gerais na porta de entrada. A gente só tem dois. Os dois estavam presentes no momento. O que hoje está sendo realmente difícil pra gente é o déficit de recursos humanos”, explica Ana Patrícia de Paula, diretora do Hospital de Base.
O Corpo de Bombeiros explica que não houve omissão de socorro e sim desacato do médico e que, apesar de o Hospital de Base estar lotado, ainda assim era a melhor opção para a vítima. “Geralmente, nós já sabemos a situação do hospital em que a vítima vai ser atendida. Quando há restrição e, mesmo assim, o caso é grave, não se pode falar em não receber o paciente”, afirma o coronel Alan Araújo.
Um homem que presenciou toda a confusão, conta o que viu: “O que notou-se ali era o desespero mesmo, de alguém impotente em poder ajudar da melhor maneira o paciente”.
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal disse que há um déficit de seis mil servidores na rede pública e que, desde o início do ano, quase mil profissionais aprovados em concursos foram convocados e já começaram a trabalhar. Segundo a Secretaria, o governo do Distrito Federal já ultrapassou o limite de gastos da lei de responsabilidade fiscal e não pode contratar mais ninguém.
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