Graça é uma palavra com cinco letras
Algumas das coisas mais importantes da vida estão tão próxima que deixamos de vê-las. Podemos passar pela vida sem nunca de fato “consegui-las”.
O mesmo ocorre com a graça. Com pesar, reconheço que foi necessário grande parte de meu ministério e vida para seguir o modelo de Paulo para os pregadores: decidir nada saber além de Cristo e este crucificado (1Co 2:2). Muito, muito mesmo, de meus sermões, ensino e artigos focalizavam o bom, mas não o vital.
Lembro-me de alguns sermões muito bonitos que talhei no início de meu ministério. Sim, trabalhei arduamente neles, arando os comentários, desenvolvendo a exegese, seguindo os modelos homiléticos da classe, inserindo ilustrações e citações, polindo as introduções, inserindo transições, praticando as conclusões. Muitas vezes escolhia passagens obscuras, revelando as riquezas da Palavra.
E, após a pregação, ouvia elogios. Eu esperava que eles recebessem a bênção, porque Deus pôde usar até mesmo um jumento para transmitir Sua mensagem. Mas, agora, deste ponto vantajoso, com meu longo, variado e imensamente gratificante ministério atrás de mim, confesso que penso em como ele poderia ter sido.
De alguns anos para cá, não consigo lhes dizer quando fiz a mudança, tenho focalizado na graça, em todas as vezes que sou convidado a compartilhar com as pessoas, quer pela palavra oral ou escrita. A mudança foi dramática: enaltecer o Jesus crucificado, ressuscitado, que está intercedendo e que logo voltará, sempre e continuamente tem abençoado as pessoas e refrigerado a minha alma.
Em casa ou no estrangeiro, quer para milhares ou para um punhado de pessoas, jovens ou idosos, ricos ou pobres, a proclamação do Deus que nos ama com amor mais forte que a morte, que deseja estar conosco para sempre e que nada poupa para tornar isso em realidade, nunca falha.
Como levei tanto tempo para ver a luz? Por que a mensagem simples da graça traz consigo tão grande poder?
Porque imagino que quando enaltecemos Jesus, a pessoa do pregador diminui “à luz de Sua glória e graça”. Não mais sermões lindos e inteligentes.
Não mais exposições aprendidas a respeito de passagens obscuras. Somente a incrível história da graça fora deste mundo.
O certo é que o Espírito Santo nunca deixa de tocar o pregador e as pessoas quando a graça é o foco. O trabalho do bendito Paracleto é testemunhar de Jesus, glorificá-Lo (Jo 14:26; 15:26; 16:13, 14). Alguns de nós gasta muito tempo pregando a respeito do Espírito Santo. Ótimo, mas simplesmente proclame Jesus, torne-O o primeiro e o melhor e, certamente, temos da certeza da presença do Espírito.
Em Jesus, a Palavra se fez carne. O amado apóstolo João escreveu que Ele era “cheio de graça e de verdade” (Jo 1:14) e que a “graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo.” (v. 17).
Graça é uma palavra com cinco letras: J-E-S-U-S.
Ao logo dos séculos, alguns seguidores de Jesus viam a graça como uma palavra com quatro letras.
Os judaizantes que foram à Galácia atrás de Paulo o atacaram amargamente e a sua mensagem de salvação como um dom puro.
Martinho Lutero mexeu no vespeiro ao ensinar Cristo somente, a graça somente, a fé somente.
Em 1888, os jovens pregadores E. J. Waggoner e A. T. Jones incorreram no ódio dos “irmãos” (não de Ellen White) quando argumentaram que a salvação é somente pela graça, e não pela graça mais a guarda da lei.
Hoje, alguns adventistas ainda são desconfiados a respeito da ênfase sobre a graça. “Graça barata!”, eles atacam prontamente. Mas não há nada de barato na graça: ela custou a vida do próprio Filho de Deus.
A graça vai contra a estrutura de nossa natureza. Temos o desejo de sermos capazes de reivindicar uma parte, ainda que ínfima. Nosso orgulho se rebela contra a ideia de uma dádiva absolutamente imerecida e, portanto, de forma sutil fazemos acréscimo à graça.
A distorção oposta é o esquecimento de que a dádiva faz uma reivindicação. Ela nos encontra na lama, mas não nos deixa lá. A graça transforma. A graça eleva. A graça capacita. A graça nos permite enfrentar as vicissitudes da vida.
A graça nos torna semelhantes a Jesus.
Assim sendo, meu colega pregador, convido-o a ter o mesmo insight que eu tive e que fui lento em aprender: em todo sermão, não importa o tópico: salvação, sábado ou santuário, torne a graça o ponto central. “Necessita-se da graça divina no começo, da graça divina em cada passo de avanço; só a graça divina pode completar a obra.” (A Maravilhosa Graça, p. 220)
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Willian G. Johnsson
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