As Feiras que aqui ocorrem semanalmente, iniciaram-se no ano de 1903 e foram idealizadas pelo saudoso Justino Ferreira de Souza. Foi pela liderança dele que se armou a primeira tenda, que se deu o primeiro grito chamando os fregueses, que se iniciou as relações de comercio entre os moradores do lugarejo e dos comerciantes de cidades vizinhas.
A seca naquele ano de 1903 foi flageladora e cruel. Corria pelo sítio Boa Esperança e sítios vizinhos, o monstro da fome e da peste, que caíram por toda região do Oeste Potiguar, dizimando o que fosse vivo. Logo a recém criada feira, acabou. Não tinha mais produtos para serem comercializados e os poucos que haviam, ou eram estocados, ou vendidos a valores exorbitantes.
A seca iniciou no começo de 1903 e só teve fim, no inicio de 1905, quando surgiu novamente as barraquinhas coloridas em frente a antiga capela de Santo Antônio.
Outros períodos de estiagem houve nos anos de 1910, 1914/1915 e 1919/1921. E a pequena feira sofria. Semanas tinham, outras não, sendo a situação normalizada somente no ano de 1929, conforme afirma o Mestre Câmara Cascudo.
A partir daí, foi escolhido a sexta-feira como o dia oficial das feiras do Sítio Boa Esperança.
Logo Justino Ferreira preocupou-se em buscar junto às autoridades do município de Martins, um lugar para melhor acomodar os feirantes que vinham de diferentes lugares, comercializarem os produtos na “feira da Boa Esperança”.
O prefeito de Martins, entendendo a necessidade do lugarejo que crescia em população e na economia, ordenou que iniciassem as obras. Justino esteve à frente do grupo de trabalhadores que ergueram as primeiras paredes. Infelizmente uma congestão cerebral¹, causada talvez pelo estresse de ter que resolver todos os problemas do Sítio Boa Esperança, tirou a vida de Justino Ferreira de Souza, que não teve o prazer de participar da inauguração e de ver sendo usada mais uma obra pensada e buscada por ele, em favor do seu povo. Deixou a terra que adotou como sua, no dia 11 de agosto de 1935.
A feira faz parte de nossa cultura, de nossa História. FOTO; Francisco Florentino.
Mesmo com o mercado inaugurado, a feira da Boa Esperança, ainda sofria com a queda no numero de feirantes. Este fato fez com que no dia 28 de janeiro de 1937, o então prefeito de Martins, Antonio Marcelino de Souza Martins, por força do decreto de N° 12, mudasse o dia da feira do povoado de Boa Esperança, para o Domingo. Sendo que no dito decreto, mandava-se retirar uma cópia, para que fosse fixada na parede do mercado, informando assim, toda a comunidade sobre tal mudança.
A notícia ultrapassou os limites municipais e logo estava estampada nas folhas do jornal “A Ordem”, do dia 14 de fevereiro de 1937.
Antes, porém, Dom Jaime Câmara², bispo da Diocese de Mossoró, em visita pastoral a todas as cidades da Diocese, havia combinado com os lideres políticos de evitarem realizar qualquer evento aos domingos, guardando assim, os preceitos do cristianismo e do descanso dominical.
Quando ele tomou conhecimento do que havia decretado o prefeito do município de Martins, exigiu que o mesmo honrasse com o compromisso por ele assumido e voltasse a feira de Boa Esperança para a sexta feira, prometendo inclusive, queixar-se ao governador do Estado, contando tudo o que havia acontecido naquele município e pedindo a desaprovação desta considerada por ele de “Infeliz Lei”.
Daqueles dias pra cá, já se passaram 80 anos e a nossa feira ainda, continua aos domingos, atraindo comerciantes e pessoas de cidades vizinhas, que aqui buscam comprar ou vender mercadorias.
NOTAS:
¹ Segundo o jornal "A Ordem", este foi o motivo da morte de Justino Ferreira.
² Primeiro bispo da Diocese de Mossoró.
Fonte História que minha vó conta
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