A gasolina é um desses exemplos de como o Brasil é um país surpreendente. Quando o preço do petróleo estava nas alturas no mundo inteiro, por aqui ele ficou praticamente congelado.
E agora que o óleo está sobrando os preços derretem no mercado internacional e por aqui a gasolina vai ficar mais cara.
Manter a frota de sete ônibus escolares será um desafio. Carla Maestri cuida do transporte de 350 alunos. Com o aumento do preço dos combustíveis, a microempresária pensa em antecipar para este mês o reajuste da mensalidade, previsto para abril. Ela ainda não sabe de quanto será o repasse para os pais. “Vai ser caso a caso e todos vão sofrer com isso porque tudo é repassado ao consumidor final. Não tem com não repassar”
O anúncio foi feito esta semana. O governo federal vai aumentar os impostos dos combustíveis. A nova alíquota do PIS Cofins será cobrada a partir de fevereiro. E a Cide, taxa que estava zerada desde 2012, vai voltar em três meses.
Nas refinarias, o litro da gasolina deve subir R$ 0,22. E o diesel, R$ 0,15. O custo final para o consumidor pode ser ainda maior. No pico da alta, no mercado internacional, o barril do petróleo chegou a custar U$ 107 em junho de 2014. Agora vem sendo cotado por menos da metade.
Tendência que não se aplica ao Brasil. O Centro Brasileiro de Infraestrutura fez a comparação. Enquanto a gasolina estava em alta no exterior, o preço era mais baixo no Brasil. E quando o valor caiu lá fora, aqui começou a subir.
No início de 2015, o produto está quase 70% mais caro do que no mercado internacional. O diesel custa 53% a mais.
Com o anúncio do governo sobre o aumento das alíquotas de tributos sobre combustíveis, o consumidor vai ter que pagar mais caro, mesmo com o preço do barril em queda lá fora. Mas por que o preço do combustível nas bombas segue na contramão da cotação internacional do petróleo?
Segundo o Diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, o governo brasileiro represou os preços enquanto o valor do barril disparava no mercado externo. E agora não consegue acompanhar a redução da cotação estrangeira porque a Petrobras tenta recuperar o que perdeu nos últimos anos.
O especialista em energia Rafael Schechtman estima que o prejuízo da empresa foi de R$ 13 bilhões por vender gasolina mais barata do que no exterior. E calcula que a empresa precisará de seis meses para reequilibrar as contas. “A Petrobras importava esse combustível mais caro e vendia mais barato aqui, além de deixar de ganhar no combustível produzido no Brasil. Agora que o mundo inteiro vai usufruir de uma gasolina mais barata, o que representa isso, representa que o consumidor ao gastar menos, ele dispõe de recursos para gastar em outras coisas, isso vai ajudar a dinamizar a economia de diversos países, enquanto que a nossa não vai usufruir isso, desse benefício”, afirma.
Segundo o especialista, outro fator pesa no custo. Metade do preço da gasolina no Brasil é de carga tributária. Nos Estados Unidos, o imposto é de 15%. Na Europa, 65%. Mas mesmo com a carga pesada de impostos, o combustível europeu consegue sair mais barato do que o brasileiro. A diferença é que lá o valor da gasolina acompanha o preço do barril no exterior.
Nas ruas, o consumidor reclamou. “A gente que precisa do carro para ir e vir para o nosso trabalho todo início de ano tem aumento de gasolina. Eu não acho isso justo”, diz um motorista.
A equipe do Bom Dia Brasil fez contato com a Petrobras mas não tivemos retorno.
Fonte: G1
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