Em seu ponto mais
próximo da Terra, a Lua, que estará grande e luminosa, se vestirá de vermelho no
final deste domingo (27) em um eclipse total, um fenômeno magnífico que só
voltará a
acontecer em
2033.
"As condições
convergem para que seja um eclipse espetacular", garantiu o astrônomo Pascal
Descamps, do Observatório de Paris, à agência AFP.
O eclipse total da
Lua poderá ser observado durante mais de uma hora, por volta das 23h11 até 0h23
(horário de Brasília), do continente americano até o Oriente Médio. Segundo o
astônomo Cassio Barbosa, autor do blog Observatório, o Brasil estará em situação
privilegiada para acompanhar o evento.
A Lua não produz luz
própria, aproveitando a que recebe do Sol. No domingo, o astro estará alinhado
com o Sol e a Terra.
"Teremos um eclipse
total porque a sombra da Terra engolirá toda a Lua", explicou à AFP Pascal
Descamps. "A circunferência de sombra da Terra mede aproximadamente três vezes o
tamanho aparente de nosso satélite", afirmou, podendo absorver a totalidade da
Lua.
A Lua vai desaparecer
do nosso campo de visão, privada dos raios solares, e reaparecerá pintada de
vermelha - por isso, também é conhecida como "lua sangrenta" ou lua de
sangue.
O vermelho se deve a
um fenômeno luminoso. É pela refração dos raios solares que atravessam a
atmosfera , com exceção dos vermelhos. Estes últimos sofrerão outro fenômeno: a
atmosfera os desviará e iluminarão a superfície lunar.
Eclipse
lunar total, fenômeno conhecido como 'Lua de sangue', é observado de Echo Park,
em Los Angeles, EUA, em abril (Foto: AP Photo/Damian Dovarganes)
"É interessante
porque a cor da Lua vai depender do estado da atmosfera terrestre. Se está
carregada de partículas, devido, por exemplo, à poluição, os raios vermelhos
também serão refratados e não alcançarão a lua", explicou o
astrônomo.
"Se o astro é
vermelho sangue, poderemos ficar tranquilos sobre o estado atmosférico da Terra.
Se é muito escuro, ou quase invisível, é porque é realmente
catastrófico".
Sem
perigo
Como a Lua estará em
seu ponto mais próximo do nosso planeta, o que se conhece como o perigeu, por
isso ficará maior do que de costume e mais brilhante no céu. "Nos parecerá cerca
de 14% maior e 30% mais iluminada", explicou Sam Lindsay, da Real Sociedade
Astronômica de Londres.
O fenômeno, conhecido
também como superlua, está relacionado à órbita ligeiramente elíptica da Lua:
este satélite gira ao redor da Terra, mas ele faz isso em um círculo formando um
ovo, que se afasta e está constantemente em nosso planeta.
A última combinação
de um eclipse lunar e uma superlua remonta a 1982, segundo a Nasa, e a próxima
não ocorrerá antes de 2033. "Toda uma geração nunca viu esse fenômeno", disse
Noah Petro, do projeto Orbitador de Reconhecimento Lunar (LRO) da
Nasa.
Os eclipses foram
durante muito tempo objeto de interpretações religiosas, mitológicas ou
simbólicas. "Ao longo da história, muitas culturas consideraram os eclipses como
sinais de tristeza e desgraça", lembrou à AFP Noah Petro.
Cristóvão Colombo,
que tinha um calendário de eclipses, se aproveitou destas crenças para persuadir
os habitantes da Jamaica. Para conseguir mais comida, ameaçou os indígenas
dizendo que faria a Lua desaparecer durante a noite de 29 de fevereiro de 1504.
"Quando os jamaicanos pediram a ele para que a Lua voltasse, pediu mais comida
em troca e conseguiu", contou o cientista.
Espetáculo para
todos
Neste final de semana
não há o que temer. Nem mesmo nossos olhos. Os elipses lunares não apresentam
risco algum, ao contrário dos solares. "Não é como olhar para o Sol", garantiu
Sam Lindsay, da Real Sociedade Astronômica de Londres. "Dá para usar binóculos,
telescópios, tudo o que for necessário".
Eclipse
lunar é visto de Miami, na Flórida (EUA) em outubro de 2014 (Foto: Wilfredo
Lee/AP)
"É um espetáculo para
todo o mundo, é gratuito. Basta colocar a cabeça para fora", concluiu Pascal
Descamps.
Como apreciar o
fenômeno
Segundo Cassio
Barbosa, bastam céu limpo e horizonte aberto para que o espetáculo esteja
garantido. "Esse é um dos eventos astronômicos em que não é preciso nenhum tipo
de equipamento, basta que o céu esteja limpo e que você consiga ver a Lua no
céu. Claro que a festa fica ainda melhor se houver uma luneta ou telescópio
disponível. Nesse caso dá para ver a sombra da Terra percorrendo a superfície
lunar, cobrindo as crateras, vales e montanhas conforme a Lua e a Terra se
movimentam", afirma o astrônomo.
Ele recomenda o uso
de uma cadeira de praia ou espreguiçadeira para que a observação fique mais
confortável.
Se chover, é possível
acompanhar o eclipse na internet. Vários sites farão transmissão ao vivo do
evento. Um deles é o site da revista Sky & Telescope, que começará a
transmitir o evento às 22h deste domingo.
Fonte:
G1
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