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28.set.2015 - As marcas escuras e estreitas, de cerca de 100 m de comprimento por 5 m largura, foram registradas pela sonda MRO em Marte. Cientistas da Nasa acreditam que os leitos provam que existe água líquida e corrente no planeta Universidade do Arizona/ NASA/JPL
28.set.2015 - As marcas escuras e estreitas, de cerca de 100 m de comprimento por 5 m largura, foram registradas pela sonda MRO em Marte. Cientistas da Nasa acreditam que os leitos provam que existe água líquida e corrente no planeta Universidade do Arizona/ NASA/JPL
Cientistas da Nasa, a agência espacial norte-americana, anunciaram nesta segunda-feira (28) uma descoberta sem precedentes em Marte: existem provas de água líquida e corrente no planeta.
"A viagem a Marte ficou ainda mais fascinante", declarou a Nasa em conferência com o diretor de ciências planetárias da Nasa, Jim Green, o chefe do Programa de Exploração de Marte, Michael Meyer, entre outros pesquisadores da agência. "Agora é possível que exista vida em Marte."
"Nossa missão em Marte tem sido a de 'seguir a água', em nossa busca por vida no Universo. E agora temos evidências convincentes que validam o que temos suspeitado por muito tempo", disse o astronauta John Grunsfeld.
É um avanço significativo, que confirma que a água, embora salgada, está fluindo hoje sobre a superfície de Marte
John Grunsfeld
O próximo passo é saber da onde a água vem, ressaltaram os especialistas.
Imagens da sonda MRO, que está em órbita do planeta vermelho, localizaram leitos de 100 metros de comprimento (aproximadamente um campo de futebol) e menos de 5 metros de largura. A hipótese inicial, publicada na revista "Nature Geoscience", é de a água corre ali, nos dias de hoje, e forma as estrias.
Os pesquisadores apostam ainda que a água é salgada, porque já foram encontrados nas marcas da cratera Hale sais hidratados, provavelmente uma mistura de perclorato de magnésio, clorato de magnésio e perclorato de sódio.
Imagens de alta resolução mostraram ainda que as estrias aparecem nas encostas da cratera durante as estações quentes e alongam-se para, em seguida, desaparecerem durante as estações mais frias. A variação de temperatura sugere que elas sejam feitas por água líquida.
A grande novidade é que o cientista Lujendra Ojha, especialista no assunto, e seus colegas criaram um método para decifrar o espectro dos pixels das imagens enviadas pela sonda e conseguiram comprovar que, em todos os locais examinados, foi detectada a presença de sais minerais hidratados que precipitam da água. Por outro lado, os sinais de sais não aparecem nos espectros do terreno ao redor das estrias.
Eles concluíram, portanto, que existe uma ligação entre as estrias e os sais depositados com o fluxo de água salgada em Marte. "A detecção de sais hidratados sobre as encostas [e não nos arredores] significa que a água desempenha um papel vital na formação dessas estrias", disse Ojha.
Segundo a Nasa, o próximo passo é mandar, em parceria com a Rússia, uma sonda para investigar o interior de Marte, o que está marcado já para 2016. Em 2018, deve ir uma sonda para análise da matéria orgânica. Em 2020, vai uma missão para coletar amostras do que está escondido sob a superfície e para descobrir se é possível enviar astronautas para o planeta.
Vizinho querido
Conhecido como o planeta vermelho, Marte sempre despertou grande curiosidade e interesse nos terráqueos, em parte por ser um dos planetas mais próximos da Terra com possibilidade de ter tido vida em algum momento de sua história.
O planeta, que leva este nome em homenagem ao deus romano da guerra, tem coloração avermelhada por causa de uma alta concentração de óxido de ferro e, teoricamente, por sua distância do Sol, seria muito gelado para conseguir manter água na forma líquida em sua superfície.
No entanto, o jipe-robô 'Curiosity' (na tradução do inglês, curiosidade), que busca vestígios de vida no planeta, encontrou evidências contrárias: sais no solo podem diminuir o ponto de congelamento da água, formando camadas de água super salgada (salmoura).
Cientistas acreditam que finas camadas de água se formam quando os sais no solo, chamados de percloratos, absorvem vapor de água da atmosfera. A temperatura dessas camadas líquidas seria de -70°C --muito frio para abrigar qualquer tipo de vida microbiana da maneira que conhecemos.
Essas salmouras, formadas nos 15 cm mais superficiais do solo marciano, também estariam expostas a altos níveis de radiação cósmica --outra coisa que poderia ser considerada um obstáculo para a existência de vida.
Mas ainda é possível que organismos existam em algum lugar sob a superfície de Marte, onde as condições são mais favoráveis.
Oceano em Marte?
Em março deste ano, um artigo publicado na revista especializada "Science" por cientistas da Nasa já anunciava que "em algum momento" existiu em Marte um oceano tão extenso quanto o Ártico. O planeta era úmido e havia água o bastante para cobrir completamente a superfície até uma profundidade de 137 metros.
Bilhões de anos atrás, Marte, que não tem um campo magnético protetor global, perdeu grande parte de sua atmosfera. Há várias iniciativas para determinar a quantidade de água do planeta que desapareceu e quanto continua na forma de gelo nas reservas subterrâneas.
Os pesquisadores acreditam que a água provavelmente formava um oceano que cobria a metade do hemisfério norte do planeta. A estimativa se baseia em observações muito detalhadas sobre formas levemente distintas da água: a mais familiar, formada por um átomo de oxigênio e dois de hidrógeno (H2O), e a água pesada, quando um dos dois átomos de hidrogênio é substituído por deutério.
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11.set.2015 - Imagem panorâmica capturada pelo robô Curiosity em Marte exibe uma paisagem comum encontrada no sudeste dos Estados Unidos. A transformação de dunas de areia em rochas foi comparada em nota da Nasa com formações encontradas em Navajo, no deserto dos
11.set.2015 - Imagem panorâmica capturada pelo robô Curiosity em Marte exibe uma paisagem comum encontrada no sudeste dos Estados Unidos. A transformação de dunas de areia em rochas foi comparada em nota da Nasa com formações encontradas em Navajo, no deserto dos
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