Tumulto faz Renan suspender sessão do Congresso que votaria meta fiscal
O presidente do
Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), decidiu na noite desta
terça-feira (2) suspender – e
O motivo da suspensão
foi um tumulto iniciado depois que Renan Calheiros determinou a retirada das
galerias de manifestantes contrários ao projeto (veja no vídeo ao lado). Ele deu
a determinação à Polícia Legislativa após a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ)
protestar contra supostas ofensas à senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM),
que discursava da tribuna. De acordo com a deputada, a senadora foi xingada de
"vagabunda" por manifestantes, mas, segundo o líder do PSDB na Câmara, deputado
Antonio Imbassahy (BA), eles gritavam "Vai para Cuba".
Antes de adiar a
sessão para esta quarta, Renan suspendeu temporariamente os trabalhos – durante
cerca de uma hora – na expectativa de reiniciá-la depois que os policiais
legislativos retirassem os manifestantes. Mas isso não foi possivel. Um conflito
nas galerias envolveu manifestantes, policiais e até mesmo
parlamentares.
O projeto que altera
a meta fiscal é considerado prioritário pelo governo. Nesta segunda-feira, a
presidente Dilma Rousseff recebeu líderes de partidos aliados ao governo e fez
um apelo para que a proposta seja aprovada. A redução da meta permitirá ao
governo fechar as contas deste ano sem descumprir a Lei de Responsabilidade
Fiscal. Parlamentares de oposição são contrários ao projeto. Eles argumentam que
a "manobra" é decorrência do desequilíbrio das finanças públicas e acusam o
governo de, em ano eleitoral, ter gastado mais do que podia.
Manifestantes
'assalariados'
Após o tumulto no
plenário, Renan Calheiros, acusou parte dos manifestantes de terem sido pagos
para protestar nas galerias.
“Essa obstrução é
única em 190 anos do parlamento, 26 pessoas presumivelmente assalariadas
obstruindo os trabalhos do Congresso Nacional”, afirmou.
De acordo com o
senador, não havia como prosseguir com a sessão. “O regimento [interno] manda
que as galerias sejam evacuadas. Havia 26 pessoas partidariamente
instrumentalizadas provocando o Congresso, tumultuando, não dá para trabalhar e
conduzir uma sessão do Congresso dessa forma.”
O líder do PMDB no
Senado, Eunício Oliveira (CE), disse que os manifestantes são conhecidos e foram
convocados pelo deputado Izalci (PSDB-DF).
“Todos nós sabemos
que é o pessoal que veio trazido pelo deputado Izalci. Todo mundo conhece, todo
mundo sabe quem são. Se são pagas ou não, não sei”, afirmou.
O deputado federal
Izalci (PSDB-DF) negou que tenha dado dinheiro aos manifestantes. "É óbvio que
não paguei ninguém. Essa acusação é leviana", disse. Segundo o parlamentar, ele
apenas mobilizou as pessoas nas redes sociais. "O que eu fiz foi botar um
convite no Facebook convocando o povo para participar de sessão do Congresso e
recebi mais de 500 mil acessos [curtidas]", afirmou. "E amanhã [quarta] espero
que vá um público ainda maior."
O líder do governo na
Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), classificou a permanência de
parlamentares da oposição nas galerias, ao lado dos manifestantes, como um
“golpe à democracia” para inviabilizar a votação.
“O aconteceu aqui
hoje foi um golpe à democracia. Nós já temos uma maioria constituída para
sustentar uma política econômica que garante o nível de empregos que temos hoje
e a oposição foi para as galerias obstruir a sessão”, afirmou. “Ela oposição]
pode subir na tribuna cinco, dez, vinte vezes [para discursar], pode votar
contra, pode obstruir de dentro do plenário, mas aqui se inventou a obstrução de
galeria”, criticou.
Segundo a Polícia
Legislativa, havia cerca de 50 manifestantes nas galerias. A aposentada Ruth
Gomes de Sá, 79 anos, contou que foi até o Congresso protestar por discordar da
manobra fiscal que o governo tenta aprovar no Congresso.
Ela negou ter sido
convocada por algum parlamentar e disse ter ficado sabendo da manifestação pela
internet. “Tenho Facebook, tenho Whatsapp. E sempre vim aqui acompanhar as
votações”, afirmou.
Ela criticou ainda a
rispidez da Polícia Legislativa ao tentar cumprir ordem do presidente do
Congresso para esvaziar as galerias. “Eu coloquei o dedo na cara dele [do
segurança] e tomei uma gravata no pescoço.”
Fonte:
G1
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