PM admite usar prisões preventivas de manifestantes em protesto anti-Copa
Vinicius Segalla
Do UOL, em São Paulo
Do UOL, em São Paulo
"Não é nossa estratégia inicial, mas se necessária, a prisão preventiva será feita", afirmou o tenente-coronel Eduardo. "Isso acontece quando a gente enxerga a possibilidade de um mal maior, como depredação de patrimônio público ou privado e atos de violência, quando por exemplo as pessoas começam a sacar martelos dos bolsos ou coquetéis molotov".
Logo após o início da manifestação, a polícia ameaçou usar a tática de "kettling", que consiste em cercar os manifestantes para desarticular o movimento, mas não completou o cerco. Pelo menos 45 membros da Tropa de Choque estão sem identificação. "O fardamento é novo e não deu tempo de costurar", justificou o tenente-coronel Eduardo.
A reportagem do UOL Esporte flagrou uma equipe policial revistando um grupo de garotos. De acordo com o coronel Rocha, que estava na equipe de revista, os policiais buscam um grupo específico: jovens de camisa preta, botas militares e mochila, figurino comumente usado pelos "black blocks".
"Há uma orientação de zerar o risco de violência quando se encontram pessoas com essas características", explicou.
Às 19h05, os manifestantes sentaram no largo da Batata e passaram a ler sua lista de revindicações. De acordo com eles, o protesto é "contra a Copa do Mundo no Brasil, o aumento da tarifa do transporte público, a corrupção nas licitações públicas, o Estado terrorista e a Polícia Militar genocida".
A Polícia Militar de São Paulo escalou mais de 2 mil agentes para a operação no protesto desta quinta-feira. Numa iniciativa inédita, coletes foram oferecidos para a imprensa - em fevereiro, cinco profissionais foram presos mesmo após se identificarem.
Esta é a segunda ação do "pelotão ninja" ou "tropa do braço" da Polícia Militar, em que policiais especializados em artes marciais são utilizados para conter os manifestantes sem o uso de armas e bombas. Cerca de 50 profissionais deste "pelotão de contenção", como foi denominado oficialmente pela Polícia Militar, foram mobilizados, mas ainda não foram registrados episódios de violência.
No último protesto anti-Copa em São Paulo, no dia 23 de fevereiro, 232 pessoas foram presas e levadas em três ônibus para delegacias da capital com base na percepção de que atos de vandalismo estavam para começar. O número foi quase o dobro do total de detidos no primeiro protesto de 2014. No dia seguinte, todas as pessoas foram libertadas por falta de provas para acusação.
Cada manifestação do movimento "Não vai ter Copa" possui uma reivindicação diferente.O primeiro protesto pedia melhores condições dos serviços de saúde no país. Já o segundo protesto teve como tema a educação. Nesta quinta-feira, o lema é "se não tiver transporte, não vai ter Copa".
O quarto ato contra a realização do Mundial do Brasil já está marcado para o dia 27 de março, às 18h, na avenida Paulista.
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