Primeiro dia do papa no Brasil termina em manifestações, quatro feridos e nove detidos
DE SÃO PAULO
Ao menos
quatro pessoas --três civis e um militar-- ficaram feridas e nove foram detidas
durante os protestos desta segunda-feira (22), dia da chegada
do papa Francisco no Brasil. Após a recepção do pontífice, manifestantes
entram em confronto com a polícia nas imediações do Palácio Guanabara, sede
do governo fluminense.
Um dos feridos é um policial militar que sofreu graves queimaduras no tórax ao ser atingido por coquetel molotov.
Além do agente, o manifestante Leonardo Caruso foi ferido na perna por um disparo. O estudante de medicina que o atendeu, Felipe Camisão, 24, diz que foi empregada uma bala de verdade no lugar de uma de borracha. Procurada pela reportagem, a Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro negou que a munição tenha sido de arma de fogo. O jovem está sendo atendido no hospital Souza Aguiar, no centro do Rio.
Uma mulher que sofreu luxação na mão --após ser atingida por um cassetete-- também foi encaminhada ao mesmo local.
Dois fotógrafos --Marcelo Carnaval, de "O Globo", e Yasuyoshi Chiba, da AFP-- saíram feridos. Chiba disse ter sido atingido por um PM, que teria desferido golpes de cassetete em sua cabeça. Ele foi levado para a Casa de Saúde Pinheiro Machado, fez uma tomografia e levou três pontos. Já Carnaval foi atingido por uma pedrada e levou cinco pontos na cabeça.
Motivos de protestos
Os jornais alardeiam que o custo da visita papal passa dos R$ 180 milhões. Que a recepção no Palácio do Planalto custará R$ 1.300 por cada convidado. Isso, fora o deslocamento de forças do Exército, que terão poder de polícia nas áreas dos eventos.
Então vamos aos pontos:
O Vaticano é um Estado. Seu território se situa dentro de Roma, mas o Vaticano não é parte da Itália. É como Mônaco, que fica encravado na França, mas não é parte dela. Por isso, quem pisa no Vaticano não está em solo italiano. O Vaticano é uma monarquia e o Papa é o equivalente ao rei.
Francisco se encontra com a presidente Dilma e autoridades na
sede do governo do Rio
Sendo assim, o Papa, como chefe de Estado que é, tem direito às honras que cabem a seus pares, tal como recepção de sua delegação e proteção em território brasileiro. Isso não se discute.
O problema começa quando o país anfitrião começa a gastar dinheiro com eventos que não são assuntos de Estado.
Notemos que, quando um Chefe de Estado vem ao Brasil, o faz para reunir-se com os nossos governantes, para tratar de assuntos de Estado. Exemplificando: comércio exterior, discutir tratados internacionais, travar alianças estratégicas, debater regras de imigração, parcerias e compartilhamento de tecnologia bélica e pautas similares. São assuntos de Estado e de interesse público.
O Brasil não tem comércio com o Vaticano, nem tampouco assuntos estratégicos, nem qualquer outro tema de Estado a tratar. A vinda papal ao Brasil visa tão somente a parcela da população que segue os preceitos da instituição religiosa que o pontífice representa. Portanto, o motivo de sua visita não é de interesse público, e sim privado. Ele vem tratar de religião.
Folha de São Paulo .
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