A Polícia Civil
afirmou neste sábado (23) que ficou esclarecido, segundo a delegada do Núcleo de
Repressão aos Crimes Contra a Saúde (Nucrisa), Paula Brisola, que a médica
Virgínia Soares Souza, presa na terça-feira (19) suspeita de definir quais
pacientes seriam mortos dentro da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital
Evangélico de Curitiba, exercia a função de diretora da UTI, porém, como ela não
é intensivista, outro médico assinava por ela como chefe da
unidade.
O advogado de defesa
da médica, Elias Mattar Assad, disse ao G1 que o outro médico assina como
responsável técnico do setor e que a médica Virgínia Soares Souza assina como
chefe da UTI Geral. Ele ainda informou que, quando ela começou a carreira, não
havia a necessidade da especialidade para atuar na Unidade de Terapia
Intensiva.
A polícia cumpriu
neste sábado quatro mandados de prisão relacionados às mortes na Unidade de
Terapia Intensiva (UTI) Geral do Hospital Evangélico, em Curitiba. Três médicos
já foram detidos. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do estado do Paraná,
os mandados são contra profissionais que trabalhavam no departamento diretamente
com a médica Virgínia Soares Souza. Como o inquérito tramita em caráter
sigiloso, a polícia não divulgou detalhes da prisão. De acordo com a Polícia
Civil, um médico está foragido.
A investigação de
denúncias que pacientes foram mortos dentro da UTI se tornou pública após a
prisão da médica Virgínia Soares Souza, que era chefe do setor. Ela foi detida
após uma operação policial que também recolheu prontuários médicos. Ela foi
indiciada por homicídio qualificado, ou seja, por acelerar a morte de pacientes
sem chances de defesa. A ação, de acordo com a polícia, tinha como objetivo
liberar leitos na UTI do Evangélico. Após a prisão, o hospital divulgou nota
afirmando que o caso é pontual e aconteceu em uma das quatro UTIs do hospital,
na qual toda a equipe foi substituída. No total, 47 pessoas, entre 13 médicos e
34 enfermeiros.
Trechos de gravações
do depoimento prestado pela médica foram obtidos com exclusividade pela RPC TV.
Nas transcrições, ela afirma que foi mal interpretada por falas como "Quero
desentulhar a UTI que está me dando coceira". A frase teria sido dita pela
médica, mas a origem da gravação não foi informada pela polícia.
O advogado de defesa
da médica afirmou que não há provas contra a médica e que cada um dos detidos
neste sábado possui advogado e que eles devem unificar a defesa para trabalharem
juntos. Ainda segundo Assad, o fato de a polícia manter o caso sob sigilo é
reflexo desta falta de provas alegada, razão pela qual ele irá pedir a abertura
do processo para a população.
A médica divulgou um
manifesto público, na sexta-feira, no qual afirma que a medicina está em risco
no Brasil. “O livre exercício da medicina está em risco no Brasil”, diz trecho
do documento. Ela afirma que se o modelo de investigação da polícia paranaense
obtiver êxito, qualquer morte em UTI poderá ser considerada imperícia ou mesmo
homicídio qualificado. “A ciência médica não pode ser relativizada ou mesmo
inviabilizada no seu livre e ético exercício, pelos altos riscos a que doravante
estarão expostos os seus profissionais”, diz outra parte do manifesto. O texto
ainda classifica a investigação como “o maior erro investigativo e midiático da
nossa história”.
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