Num país
de tantos miseráveis, para uma multidão irrefletida, bestificada, talvez não
impressione o predomino de uma programação televisiva inescrupulosa - capaz de
atingir o ápice da baixaria pública e da deseducação, sem nenhum pudor. Além de
tantos outros, o sucesso do tal “Big Brother Brasil - BBB” representa o retrato
torpe de um povo que ainda não aprendeu o valor da ética necessária e da
consideração para com valores sociais e humanos fundamentais e, em fim, para
consigo mesmo.
Uma
sociedade subdesenvolvida não pode se dar ao luxo (aliás, à imbecilidade) de
perder tempo com as cenas desprezíveis da futilidade e, assim, caminhar cada
vez mais rápido ao seu próprio descaminho.
Pergunto,
então: como reclamar dos índices de violência, se uma parte de nós a produzimos
todos os dias, quando conferimos audiência aos realtys, às musicas
depreciativas, aos shows da ignorância na ficção e nos palcos da vida real? Não
pense, você, que violência se resume apenas a matar, assaltar, roubar... Não. “Só
as cachorras”; “chupa que é de uva”; “beber, cair, levantar”; “ai se eu te pego”;
[se eu te lasco] e outros congêneres, não seriam formas de incitar a violência,
haja vista todas as suas dimensões?
O
horário considerado nobre da televisão deveria ser usado de modo a provocar a
conscientização em todos os níveis, dos temas relevantes que de fato movem a
vida de uma sociedade decente. Não para aclamar a ignorância!
Ora, o
que fazem o “Big Brother” e outros “big’s”, de socialmente bom? Em que contribuem
para esta sociedade? E as emissoras que os veicula – pensemos – objetivam o
quê? Por acaso, estão a serviço dos miseráveis? Dos sem-teto? Dos que trabalham
de “sol a sol” a fim de galgar uma “vida melhor” neste mundo atroz? Preocupam-se
com os excluídos? Penso que não! Mas, é exatamente isso o que “eles” querem.
Querem manipular as consciências. Querem instituir “padrões” distorcidos e
alienantes. Querem endeusar o consumismo exacerbado. Querem, sutilmente,
“domesticar” em nome da opulência, do domínio, do poder... E conseguem!
Há,
nesse sentido, um ciclo de auto-degradação social; de maneira que a televisão,
ao mesmo tempo em que “molda” os comportamentos, as sensações, as visões (ou a
cegueira) de mundo, também reflete comportamentos socialmente praticados e
aceitos como “normais”. Isso acaba por “legitimar” a sua programação indigna. De
tal forma, penso que o BBB, com os seus pomposos cenários de bacanal e
promiscuidade é, senão, apenas um elemento dentre um conjunto de outras coisas a
serem execradas no âmbito da grade televisa, por ser um inconteste atentado à
nossa dignidade de homo sapiens!
Portanto,
estarrecidos, indignados, ofendidos, ou mudamos o canal ou continuaremos a assistir
à “morte” de uma sociedade que violenta a si mesma, enquanto resta-nos a perpétua
esperança num país que se faça mais civilizado.
Messias Torres
Professor / Psicopedagogo /
Poeta
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