terça-feira, 15 de janeiro de 2013

POR MESSIAS TORRES BIG BAIXARIA” E O SHOW CONTINUA...




Num país de tantos miseráveis, para uma multidão irrefletida, bestificada, talvez não impressione o predomino de uma programação televisiva inescrupulosa - capaz de atingir o ápice da baixaria pública e da deseducação, sem nenhum pudor. Além de tantos outros, o sucesso do tal “Big Brother Brasil - BBB” representa o retrato torpe de um povo que ainda não aprendeu o valor da ética necessária e da consideração para com valores sociais e humanos fundamentais e, em fim, para consigo mesmo.

Uma sociedade subdesenvolvida não pode se dar ao luxo (aliás, à imbecilidade) de perder tempo com as cenas desprezíveis da futilidade e, assim, caminhar cada vez mais rápido ao seu próprio descaminho.

Pergunto, então: como reclamar dos índices de violência, se uma parte de nós a produzimos todos os dias, quando conferimos audiência aos realtys, às musicas depreciativas, aos shows da ignorância na ficção e nos palcos da vida real? Não pense, você, que violência se resume apenas a matar, assaltar, roubar... Não. “Só as cachorras”; “chupa que é de uva”; “beber, cair, levantar”; “ai se eu te pego”; [se eu te lasco] e outros congêneres, não seriam formas de incitar a violência, haja vista todas as suas dimensões?

O horário considerado nobre da televisão deveria ser usado de modo a provocar a conscientização em todos os níveis, dos temas relevantes que de fato movem a vida de uma sociedade decente. Não para aclamar a ignorância!

Ora, o que fazem o “Big Brother” e outros “big’s”, de socialmente bom? Em que contribuem para esta sociedade? E as emissoras que os veicula – pensemos – objetivam o quê? Por acaso, estão a serviço dos miseráveis? Dos sem-teto? Dos que trabalham de “sol a sol” a fim de galgar uma “vida melhor” neste mundo atroz? Preocupam-se com os excluídos? Penso que não! Mas, é exatamente isso o que “eles” querem. Querem manipular as consciências. Querem instituir “padrões” distorcidos e alienantes. Querem endeusar o consumismo exacerbado. Querem, sutilmente, “domesticar” em nome da opulência, do domínio, do poder... E conseguem!

Há, nesse sentido, um ciclo de auto-degradação social; de maneira que a televisão, ao mesmo tempo em que “molda” os comportamentos, as sensações, as visões (ou a cegueira) de mundo, também reflete comportamentos socialmente praticados e aceitos como “normais”. Isso acaba por “legitimar” a sua programação indigna. De tal forma, penso que o BBB, com os seus pomposos cenários de bacanal e promiscuidade é, senão, apenas um elemento dentre um conjunto de outras coisas a serem execradas no âmbito da grade televisa, por ser um inconteste atentado à nossa dignidade de homo sapiens!

Portanto, estarrecidos, indignados, ofendidos, ou mudamos o canal ou continuaremos a assistir à “morte” de uma sociedade que violenta a si mesma, enquanto resta-nos a perpétua esperança num país que se faça mais civilizado.

 



Messias Torres

Professor / Psicopedagogo / Poeta

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