“Dinheiro do povo não é para seu ninguém enricar...”
Fui uma criança muito ativa, não conto às vezes que surpreendia as pessoas com perguntas e mais perguntas, a casa de Pai, sempre cheia de gente era uma grande atração para mim, com minhas interrogações e peripécias.
Lembro-me de muitas histórias e ocasiões em que sentava horas e horas do lado das pessoas, dos correligionários de pai e ficava conversando e ouvindo as conversas. Mas o fato que me veem a memória e que vou narrar aqui, não é diálogo com ninguém dito de fora, é com o próprio homenageado deste livro.
Pois bem, Pai, mesmo sem ter um elevado grau de escolaridade sempre foi atento para os jornais, tanto os televisivos, como os impressos. Eu, querendo ser um filho atencioso (com segundas intenções, pois queria ganhar uma bicicleta), sempre o acompanhava em frente à televisão quando ele chagava em casa e ia ver os jornais.
Certo dia, estava sendo transmitido em um dos jornais (não me recordo exatamente em qual emissora) uma matéria sobre a casa e a fortuna de um dos políticos do Rio Grande do Norte, eu muito inquieto, começo a conversar com ele e a fazer “arrodeios” para chegar ao ponto em que eu queria (bicicleta).
O indago;
- Pai, tem muito político rico não tem?
- Ele;
“Tem meu filho, além de político rico, tem muita gente rica no mundo também porque estudou ”
- Eu; Porque o senhor não estudou?
De imediato ele conta das dificuldades que tinha na infância, de ter que trabalhar nas terras de seu Luiz de Senhora, ser um dos filhos mais velhos etc...
Mais uma vez, na inocência de criança o interrogo...
-Então, e o senhor não é político faz tanto tempo, porque já não é rico sem ter que se formar? Passa direto na televisão esse povo com dinheiro sobrando e o senhor faz é tempo que me promete uma bicicleta e ainda não me deu.
Ele, com a mansidão de sempre, retruca;
-Cesar meu filho, vou comprar essa sua bicicleta no final do ano, só que você tem que ter paciência, você não sabe que eu ainda pago conta da campanha passada, tenha paciência.
Mais uma vez eu o questiono, dessa vez o tiro do sério.
-Não sei que futuro tem política então, o tempo que faz que o senhor é vereador, já foi até vice prefeito e não é rico, cadê o dinheiro da política? Compre logo essa bicicleta porque eu já não tenho mais paciência para esperar tanto,vejo o senhor aqui dá as coisas a um e a outro, só não dá nada a mim.
IMEDIATAMENTE ELE ME DÁ UMA RESPOSTA QUE EU NUNCA ESQUECI.
- Meu filho, o dinheiro do povo não é para seu ninguém enricar ou para servir de mordomia, também não é para ninguém cumprir deveres particulares, bote isto na sua cabeça, o dinheiro público é para beneficiar a comunidade. Você vá logo se deitar porque já esta na hora, já perguntou de mais por hoje e esta merecendo umas palmadas.
Esse episódio quase que me rendeu uma boa pisa, mas hoje quando me recordo do momento, me veem a mente o quanto o homem público Titico do Pico era diferente da maioria dos políticos de nosso país, muitas vezes privava algum beneficio para os de casa, em detrimento das pessoas.
A história da Bicicleta ainda rendeu um bom tempo...
Essa história da bicicleta não parou por ai, e até que ficou famosa, pois eu dizia a tanta gente que pai havia me prometido uma bicicleta que quando chegávamos a uma casa qualquer e, quando ali se encontrava algum vereador ou pessoa próxima mesmo, me“inflamavam” logo perguntando se eu já a havia recebido.
Pois bem, chegou o final do ano e nada de bicicleta, até que em uma das visitas a casa de Almeida , quando nos aproximamos da calçada , uma pessoa disse; “fala vereador”, eu indignado e vermelho de raiva porque a promessa não tinha sido cumprida esturro;“isso é vereador, não compra nem uma bicicleta”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário