É fundamental entender que todo e qualquer ato educativo diz
respeito a um conjunto de significados e, portanto, possui múltiplas dimensões.
Quer dizer, educa-se na perspectiva do ser social, humano, psíquico e afetivo. Logo,
educar(se) não é simplesmente ir à escola para aprender algumas fórmulas
conteudinais. Ao contrário, educa-se para aprender a saber, aprender a ser, aprender
a viver...
Então, se o ato educativo não se resume apenas à escola,
mas relaciona-se a toda esfera da sociedade - a partir dos seus instrumentos de
acumulação e retransmissão de saberes - esta mesma sociedade é também e
necessariamente grande responsável pela educação (ou deseducação) de seus
indivíduos. Mas, qual o sentido de educação para nós? Em que perspectiva age a
sociedade? Age no sentido da autêntica educação ou da deseducação? Nesse
sentido, que tipo de exemplos por ela nos são dados e perpetuados?
O fato é que um entendimento comum do que seja educação tem causado a equivocada interpretação
de que somente à escola caberia a tarefa de educar as gerações. Este equívoco
histórico-cultural acaba por sobrecarregá-la de competências que seriam, a
priori, tanto da escola, quanto de outras instancias sociais, a exemplo da
família, como primeiro universo formativo do sujeito que chega ao mundo e,
enfim, da própria sociedade como um todo.
Com efeito, o mundo fala de educação, de respeito, de
ética, de fraternidade, ao passo que suas atitudes contradizem o constante em
seus discursos. Por outro lado, as ciências comprovam - e até mesmo os leigos ponderam - sobre o
fato de que humanos aprendem muito mais com exemplos do que com meras palavras não
praticadas e de efeito vazio; sendo que aprender aqui se refere tanto ao
aprendizado escolar, como a gama das experiências pessoais conseguidas durante toda
a vida. A propósito, quando pais/responsáveis negligenciam o seu papel de
agente formador de seus tutelados (justo numa sociedade em evidente
desequilíbrio educacional) surge daí a força devoradora de “valores” inversos e
anti-educacionais. De tal forma que, se pretendemos a educação como marco para
o pleno desenvolvimento de um povo, é urgente que cada um dos entes constituintes
deste povo cumpra com as suas respectivas competências!
Ademais, numa época em que ser educado está “fora de
moda”, torna-se cada vez mais difícil e penoso educar-se com qualidade e
completude, face a “ideologia” imbecil e perigosa de desvirtuação e de irreverência
a valores social e humanamente essenciais. Tal tendência contamina famílias,
grupos sociais e sujeitos, notadamente num processo acelerado de
“contra-educação” e inevitável “coisificação” de pessoas. Eis que a mensagem
subjacente a tudo isso propala a idéia de “mundo de ninguém”, em que predominam
o egoísmo, a concepção hedonista, a violência como via de resolução de
conflitos, o desvalor da vida, a desumanidade...
Ora, o ser humano é reflexo de seu próprio “ser psíquico”
e este “ser”, por sua vez, é configurado pelo mundo externo no ambiente em que determinado
sujeito habita. Portanto, como instituição circundante da família, da escola e
demais instituições coletivas, se a sociedade não se cuidar em fazer valer o
sentido absoluto de educação, estaremos, sim, subestimando a nossa digna
inteligência e, desse modo, abrutalhando a nós mesmos enquanto seres
essencialmente humanos, porém, socialmente em descaminho com os progressos
necessários.
MESSIAS TORRES
Pós-Graduado
em Psicopedagogia
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