Um dia quando eu morrer
Alguém chorará por mim
Porque eu levei a vida
Aguando o meu jardim
Para que as suas flores
Podesse enfeitar o meu fim
Essa vida é mesmo assim
O tempo é sem piedade
Morrer moço ninguém quer
Nem aumentar a idade
Ser velho é experiência
Que não trás felicidade
Já vivi mais da metade
Do que me foi reservado
Porque se chegar aos cem
É uma temeridade
Porque a velhice trás
A perca da liberdade
A idade é sem bondade
Porque o homem atrofia
Acaba com seus desejos
Diminui a alegria
A mocidade é a luz
Que a nossa alma irradia
Na luta do dia a dia
Vou buscando meu espaço
A cada ano que somo
Eu aumento meu cansaço
E lá no livro da vida
Deus vai apagando um traço
Pergunto a Deus o que eu faço
Mas ele não dá respostas
Sem saber o que fazer
Ajoelho-me de mãos postas
Prá que o peso dos anos
Diminua em minhas costas
Escuto algumas propostas
Dos meus filhos e dos meus
netos
Porque a nossa família
São os nossos prediletos
Muito embora até eles
Não mereçam meus afetos
No mundo dos prediletos
Eu queria ser eterno
Viver com as regalias
Que tem o mundo moderno
Mesmo sendo um pecador
Não ter que ir prá o inferno
Ou no livro ou no caderno
Deus o meu nome escrevesse
Pedro fosse complacente
Mesmo se eu não merecesse
E os erros que eu cometi
O Pai eterno esquecesse
Sem mostrar nem interesse
No mundo espiritual
Queria viver aqui
Nesse mundo virtual
Por entender que a morte
Só representa o final
Da vida ela é rival
Só vive a vida emboscando
Quem já passou dos oitenta
Vive por ela esperando
A vida é locomotiva
Que a morte está no comando
Por isso estou esperando
Esse encontro tenebroso
Como um defensor da vida
Procuro ser talentoso
Ser bom pai ser bom amigo
Ser bom filho e bom esposo
Assim como um cão raivoso
Com a morte vou lutar
Quando ela me escolher
Vai ser difícil levar
Porque a morte não gosta
De quem vive para amar
Somos apenas instrumentos
No mundo das ilusões
Vaidade é passageira
E a alma é a caveira
Comandando as emoções
Os sonhos são diversões
Que a matéria conforta
O ego é massageado
E o sonho realizado
É quem abriu essa porta
A matéria é quem conforta
O espírito de quem chora
A esperança é consolo
E o vaidoso é um tolo
Que o sentimento explora
Quem tem sentimento chora
As esperanças perdidas
O futuro é abstrato
O presente é o retrato
De nossas emoções vividas
As famílias esquecidas
No vigor da juventude
A velhice é o terror
A mágoa e falta de amor
Desprovida de virtude
Tem que haver atitude
Para que haja a ação
No ódio está um entrave
E o sentimento é a chave
De abrir o coração
O ÍNTIMO DO SER
ESCREVEU: DAVI CALISTO NETO
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