Vaticano confirma oficialmente detenção de mordomo do Papa
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CIDADE DO VATICANO, 26 Mai 2012 (AFP) -O Vaticano confirmou oficialmente neste sábado a prisão, e a identidade, do mordomo do papa Bento XVI, um dos supostos autores do vazamento de documentos confidenciais, e afirmou que segue preso.
"Confirmo que a pessoa detida na quarta-feira por posse ilegal de documentos confidenciais, encontrados em seu domicílio em território do Vaticano, é Paolo Gabriele, que segue preso, indicou em um comunicado o diretor da sala de imprensa do Vaticano, padre Federico Lombardi.
Desde sexta-feira, os meios de comunicação italianos identificaram o mordomo do Papa como autor de vazamentos que provocaram tensões no Vaticano e na hierarquia católica.
Gabriele tem "todas as garantias jurídicas previstas no código penal e de procedimento em vigor no Estado e na Cidade do Vaticano", prossegue o texto.
Gabriele foi um dos poucos laicos com acesso ao apartamento privado de Bento XVI e foi designado mordomo em 2006, quando substituiu Angelo Gugel, que esteve durante anos a serviço de João Paulo II.
Em janeiro, documentos confidenciais divulgados pela imprensa italiana, - o escândalo batizado de "Vatileaks" -, confirmaram as lutas internas para o cumprimento das normas sobre a transparência.
Há um mês, Bento XVI criou uma comissão formada por três cardeais - Julián Herranz, Josef Tomko e Salvatore De Giorgi - para investigar a fuga reiterada de documentos internos.
A publicação nesta semana de uma série de cartas confidenciais dirigidas ao papa Bento XVI sobre temas delicados, como as intrigas do Vaticano ou os escândalos sexuais do padre mexicano Marcial Maciel, gerou desconforto e constrangimentos na Santa Sé.
Os vatileaks –
Publicação de cartas secretas do Papa gera escândalo
ROMA (AFP) – A publicação de uma série de cartas confidenciais do papa Bento XVI sobre temas quentes, como as intrigas do Vaticano e os escândalos sexuais do padre mexicano Marcial Maciel, provocou desconforto na Itália diante de um vazamento de informações sem precedentes.
Um resumo do livro, que estará a venda no sábado em toda a Itália com o título Sua Santidade, cartas secretas do Papa, escrito por Gianluigi Nuzzi, autor do best-seller Vaticano SA, sobre as finanças da Santa Sé, foi publicado nesta sexta-feira pelo jornal Il Corriere della Sera.
Baseado em cartas confidenciais destinadas ao papa Bento XVI e ao seu secretário pessoal, Gerog Gaenswein, o livro descreve manobras e confabulações dentro do Vaticano e inclui relatórios internos enviados para o Papa sobre políticos italianos como Silvio Berlusconi e o presidente da República Giorgio Napolitano.
Também relata os confrontos com a chanceler alemã Angela Merkel sobre aqueles que negam o Holocausto, e as confissões do secretário do fundador da Congregação Mexicana Legionários de Cristo, Marcial Maciel, acusado de abusar de crianças e de ter uma vida dupla com duas mulheres e filhos.
Nuzzi teve acesso, possivelmente através de funcionários da Secretaria de Estado, a centenas de documentos, incluindo alguns que levam o selo “Reservado”, que foram elaborados pelo mesmo secretariado.
Este é o maior vazamento de documentos na história recente do Vaticano, que até agora não se pronunciou oficialmente sobre o assunto.
Entre as informações vazadas, figuram diretrizes específicas para tratar de questões com o Estado italiano por ocasião da visita presidencial em 2009.
“Devemos evitar qualquer equivalência entre a família fundada sobre o matrimônio e outros tipos de uniões”, diz o texto.
Marcial Maciel foi acusado de abusar de crianças e de ter uma vida dupla com duas esposas e filhos ©AFP / Omar Torrestodos
De acordo com trechos publicados pelo Il Corriere della Sera no suplemento especial Sette, o secretário do papa recebeu por fax todos os detalhes do chamado “escândalo Boffo”, a operação para desacreditar o editor do Avvenire, jornal da Conferência Episcopal italiana, mediante acusações falsas de assédio homossexual e homossexualidade contra o jornalista Dino Boffo.
Tais cartas resumem o clima recente de guerra ocultada pelo poder dentro do governo central do Vaticano, a influente Cúria Romana, que minou a credibilidade da Igreja.
O nome do atual secretário de Estado, o cardeal Tarcisio Bertone, mão direita do Papa e número dois da Santa Sé, está presente em muitos dos documentos e é afetado de forma negativa, sendo possível que o livro seja uma operação midiática para atacá-lo.
O jornal italiano Libero também publicou comentários sobre o livro. Nuzzi chegou a comentar sobre o difícil ano vivido com os “corvos” do Vaticano, que lhe passaram os documentos entre “silêncios, longas esperas e precauções maníacas”.
O jornalista confessou que não manteve mais contato com este “grupo informal” de informantes desde que o Papa nomeou uma comissão de inquérito, em março passado, para investigar os vazamentos, conhecidos como “Vatileaks”.
Um resumo do livro, que estará a venda no sábado em toda a Itália com o título Sua Santidade, cartas secretas do Papa, escrito por Gianluigi Nuzzi, autor do best-seller Vaticano SA, sobre as finanças da Santa Sé, foi publicado nesta sexta-feira pelo jornal Il Corriere della Sera.
Baseado em cartas confidenciais destinadas ao papa Bento XVI e ao seu secretário pessoal, Gerog Gaenswein, o livro descreve manobras e confabulações dentro do Vaticano e inclui relatórios internos enviados para o Papa sobre políticos italianos como Silvio Berlusconi e o presidente da República Giorgio Napolitano.
Também relata os confrontos com a chanceler alemã Angela Merkel sobre aqueles que negam o Holocausto, e as confissões do secretário do fundador da Congregação Mexicana Legionários de Cristo, Marcial Maciel, acusado de abusar de crianças e de ter uma vida dupla com duas mulheres e filhos.
Nuzzi teve acesso, possivelmente através de funcionários da Secretaria de Estado, a centenas de documentos, incluindo alguns que levam o selo “Reservado”, que foram elaborados pelo mesmo secretariado.
Este é o maior vazamento de documentos na história recente do Vaticano, que até agora não se pronunciou oficialmente sobre o assunto.
Entre as informações vazadas, figuram diretrizes específicas para tratar de questões com o Estado italiano por ocasião da visita presidencial em 2009.
“Devemos evitar qualquer equivalência entre a família fundada sobre o matrimônio e outros tipos de uniões”, diz o texto.
Marcial Maciel foi acusado de abusar de crianças e de ter uma vida dupla com duas esposas e filhos ©AFP / Omar Torrestodos
De acordo com trechos publicados pelo Il Corriere della Sera no suplemento especial Sette, o secretário do papa recebeu por fax todos os detalhes do chamado “escândalo Boffo”, a operação para desacreditar o editor do Avvenire, jornal da Conferência Episcopal italiana, mediante acusações falsas de assédio homossexual e homossexualidade contra o jornalista Dino Boffo.
Tais cartas resumem o clima recente de guerra ocultada pelo poder dentro do governo central do Vaticano, a influente Cúria Romana, que minou a credibilidade da Igreja.
O nome do atual secretário de Estado, o cardeal Tarcisio Bertone, mão direita do Papa e número dois da Santa Sé, está presente em muitos dos documentos e é afetado de forma negativa, sendo possível que o livro seja uma operação midiática para atacá-lo.
O jornal italiano Libero também publicou comentários sobre o livro. Nuzzi chegou a comentar sobre o difícil ano vivido com os “corvos” do Vaticano, que lhe passaram os documentos entre “silêncios, longas esperas e precauções maníacas”.
O jornalista confessou que não manteve mais contato com este “grupo informal” de informantes desde que o Papa nomeou uma comissão de inquérito, em março passado, para investigar os vazamentos, conhecidos como “Vatileaks”.
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