Noites acompanhadas de
lembrança
É noite de terça feira, 03 de fevereiro de
2009, uma daquelas noites que o sono se encontra viajando por lugares
longínquos, o frio de um início de inverno nos trás a mente lembranças de um
passado não muito distante, mas que parece uma eternidade, insegurança e ao
mesmo tempo esperança quanto ao futuro, uma noite daquelas que sinto o famoso
“banzo” (saudade da terra natal, de minha querida terrinha Antônio Martins)
conhecido por todos que um dia passaram por uma república de estudantes.
Eis-me aqui, em uma situação daquelas que me
falta inspiração para dormir. São nessas noites que me vêem com maior ímpeto a
saudade de meu Pai, são nessas noites que a saudade se mistura com lagrimas e
juntas caminham pelo infinito e profundo de minha memória, tomando forma
ortográfica e escorrendo lentamente por esse teclado do note book.
Em cada foto olhada, em cada trecho de suas poesias
que leio passeia em minha lembrança as imagens daquela madrugada de 12 de
dezembro de 1998, lembrança de cada rosto triste que ali estava torcendo por um
milagre e, ao mesmo tempo preparando-se para se despedir daquele valente ser
humano que ali já carregava 02 (dois) anos de quimioterapia intensa, dois
tristes anos de tentativas e reações contra um câncer pulmonar que parecia
estar prestes a alcançar seu objetivo, tragar o ultimo suspiro do meu herói.
Cada rosto presente naquela madrugada
representava um pedaço daquela vida que lentamente se despedia, pessoas que
conviveram na infância, outras que o acompanharam de perto em sua juventude
poética, algumas que viveram e partilharam à maturidade de um homem que se
entregou de corpo e alma a vida pública, sertanejos que viam partir naquele
momento um servo leal da justiça e do bem comum, e o pior, sem poderem fazer absolutamente
nada...
Viam ir-se embora um homem público que um dia
representou seus anseios e petições, pessoas amigas que prestavam
solidariedade, mas que também necessitavam solidariedade. Enfim, dentro de mim tudo
se resume em uma só palavra: Lembrança...
No meio dessa viagem pelo intervalo de dez
anos, surgem muitas interrogações, um infinito de “porquês” e “serás” tomam
conta de minha pobre mente; O porquê dessa trajetória sem ele? O porquê de sua
partida? Será que deu tempo cumprir sua
missão? Será que pretendia chegar mais longe?Será que era o destino (Se é que o
destino existe)? Etc, etc e tal... Interrogações que flutuam sobre mim como ondas
caminham sobre o imenso, mágico e assombroso oceano. Interrogações que somente
a eternidade vai tratar de responder...
“... Um dia a gente chega e no outro vai
embora [...] Cada um de nós compõe sua história e cada ser em si carrega o dom
de ser capaz, de ser feliz...” (Almir Sater)
Cesar Amorim –
Estudante de Direito pela UERN/ Professor de História do Brasil
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